À medida que mais empreendedores, líderes intelectuais e especialistas em tecnologia discutem abertamente sobre a Web 3.0, o indescritível — e compreendido de forma inadequada — conceito tem vindo à tona na conversa sobre privacidade na Internet.

O tempo vai passando, os usuários ficam em stand by enquanto as empresas monopolizam seus dados e ditam como é permitido se comportarem no mundo online. A concentração de big data nas mãos de um seleto grupo tem aberto os olhos de muitos e motivado a necessidade de mudanças.

A privacidade dos usuários continua sendo um problema até hoje. A Web 3.0 visa dar controle total para os usuários e descentralizar a internet. Se isso acontecesse, o que significaria para a publicidade e quem seria beneficiado?

O que é a web 3.0?

A chegada antecipada da Web 3.0, também conhecida como Web3, naturalmente sugere a existência da Web 1.0 e Web 2.0. Você deve ter ouvido sobre esses dois marcos da história da Internet — são termos que descrevem a web em cada uma das interações e como elas mudaram e se desenvolveram ao longo do tempo.

Veja a Web 1.0, por exemplo. A primeira interação da internet foi um fenômeno global que milhões tiveram acesso. Vamos supor que muitas pessoas se lembrem de como era a web no final dos anos 80 e 90. Basicamente, era uma coleção de páginas estáticas que ofereciam poucos caminhos de interação, além da habilidade de ler conteúdo publicado por poucos profissionais que tinham know-how para isso.

A Internet era monótona e sóbria até o lançamento dos futuros titãs das mídias digitais —YouTube e Facebook. Ambos permitiram que os usuários publicassem seus próprios conteúdos sem esforço. Mas não foram apenas as plataformas de mídias sociais e streaming de vídeo que deram origem à Web 2.0 em 2006. O desenvolvimento e a hospedagem de sites se tornaram mais fáceis, permitindo que mais pessoas se envolvessem no cenário da Internet, mesmo sem conhecimento de HTML ou servidores.

No entanto, enquanto essas plataformas tornaram a criação de conteúdo fácil e disponível, também levou à concentração massiva de dados, gerando problemas de monopólio, vigilância e excesso de regulamentação.

É onde estamos agora. Dependentes do Google, Facebook (Meta) e dos outros gigantes da tecnologia para oferecer estrutura para toda a Internet. A Web 3.0 está pronta para mudar de uma estrutura de propriedade privada para uma estrutura descentralizada correndo em blockchain.

O design de registro público do blockchain, acoplado com os algoritmos de consenso e maior transparência é a estrutura perfeita para a próxima grande evolução da Internet. Web3 rodará no blockchain, usando criptografia e concederá o controle completo aos usuários de seus dados privados e acesso a sistema revolucionário financeiro.

Essa é a visão atual da Web 3.0. Sua implementação será diferente do que tem sido visto.

Agitando os grandes monopolizadores de dados

A web é, por natureza, um sistema descentralizado de comunicação. As implementações TCP não requerem ninguém no comando, desde que todos concordem em seguir as mesmas regras, ou seja, enquanto os protocolos permanecem tolerantes a desvios e falhas na comunicação. No papel, era uma base ideal para uma rede descentralizada que infelizmente não levava em conta o potencial de abuso.

Também não previa com sucesso o quanto de dados alguns acumulariam ao longo do tempo. O Facebook, a Amazon e o Google conseguiram se posicionar como líderes do setor e acumular uma riqueza de dados que os colocariam à frente de todos os concorrentes que surgissem ao longo dos anos. A centralização em uma escala tão grande nunca havia sido considerada até então.

No entanto, apesar do cenário sinistro para chegar a uma internet livre de monopólio de vigilância, esta não é a primeira vez que a centralização toma conta e não será a última. O ciclo de centralização e descentralização vem acontecendo há décadas.

Assim como os PCs descentralizaram suas propriedades, o mesmo aconteceu com a internet e uma variedade de ferramentas online gratuitas, que romperam o domínio que Microsoft tinha sobre os PCs. Então a internet “gratuita” desapareceu e foi centralizada por grandes companhias. Estamos mais uma vez procurando outro ciclo de descentralização para quebrar o estrangulamento que alguns poucos poderosos têm da Internet.

A Web 3.0 está se posicionando como uma saída para a confusão que nos encontramos no momento. Parece ser o próximo ciclo: o que irá nos tirar do excesso de regulamentação e devolverá uma parte do controle dos usuários.

Um admirável mundo de ofertas diretas tokenizadas

O que tudo isso representa para a publicidade? Bem, primeiro e mais importante, os usuários estão prestes a adquirir controle total de seus dados. A Web 3.0 elimina não apenas os dados third-party, mas também os dados first-party. Os anunciantes estão de olho no futuro de dados zero-party, onde os próprios usuários detalham quais informações gostariam de compartilhar e com quem.

Em segundo lugar, qualquer estrutura que dependa de blockchain traz mais transparência e honestidade para todos os negócios que podem ser feitos online. O mesmo vale para a publicidade. Com a Web3, podemos finalmente esperar por negócios mais diretos e com menos intermediários. Veja o Brave Ads, por exemplo. Eles oferecem BATs, ou Basic Attention Tokens, que os anunciantes podem comprar usando moedas fiduciárias e então negociar com os sites para atenção exclusiva dos visitantes. Empresas que trabalham diretamente com os sites e anunciantes, incluindo a MGID, também se beneficiam com a quebra de paradigma na publicidade.

Talvez a maior mudança que você pode esperar é que os usuários sejam pagos para ver anúncios. Desde que eles tenham total controle de seus dados, os anunciantes terão mais retorno ao segmentar uma audiência exclusiva e interessada que compartilha seus dados de forma voluntária. É o melhor tipo de audiência para qualquer anunciante. De forma simples, com a Web3 todos ganham alguma coisa.

Conclusões finais

A Web 3.0 está destinada a devolver o controle aos usuários. Com mais direcionamento na forma e por quem seus dados são tratados, os usuários se beneficiam de maior segurança e privacidade. Anunciantes terão que se adaptar à nova realidade; no entanto, considerando o desperdício da tecnologia de anúncios do momento, a Web3 parece ser a melhor coisa para todos os envolvidos.